segunda-feira, 30 de março de 2015

Meu cenário para aprender inglês


Aprender inglês nunca foi uma tarefa fácil para mim. Em cada tentativa, para iniciar os estudos no Brasil, tentava buscar o motivo para aquele investimento e, confesso, não sentia necessidade. Na última tentativa em um curso formal estava na faculdade, então parecia óbvio que aprender inglês iria me oportunizar um currículo mais interessante. Mas, conforme o curso foi avançando, perdi o foco. O motivo provável foi deslumbrar oportunidades profissionais que não precisavam do inglês e a falta de prática fora do curso. Então, quando ia iniciar o módulo intermediário, resolvi deixá-lo novamente.       

Os locais onde trabalhei não exigiam este conhecimento, então isso foi reforçando a crença de que não seria necessário este estudo na minha carreira boicotando meu crescimento profissional. Preferi permanecer na zona de conforto entendendo que não precisava aprender outra língua e ampliar meus desafios.    

Durante o processo de Coaching foi possível evidenciar questões sobre minha autoimagem profissional bem como os gaps e crenças relacionadas e, por isso pude vislumbrar futuras oportunidades profissionais e pessoais. Principalmente pude me sentir preparada para encarar os desafios: mudar de país, dar uma pausa no trabalho formal e prospectar um retorno à vida profissional posteriormente. Nesse caminho traçado com tantas mudanças ficou clara a necessidade do estudo do inglês. Então, ainda no Brasil, contratei uma professora particular e fiz aulas por um mês.  Embora pouco tempo foi importante para o primeiro momento no novo país.

A cidade de Athlone, onde moro, fica no centro da Irlanda e, apesar de bem estruturada é pequena e tem poucos cursos para estrangeiros. Dos cursos existentes tenho dificuldade quanto aos horários, normalmente diurnos com uma carga horária de 20h/semanais. Pra mim é inviável esta modalidade porque cuido da minha filha durante o dia e deixá-la tanto tempo em uma creche tem um alto custo. 

Nessa situação foi necessário buscar oportunidades para gerar aprendizagem. Acho que o estudo formal em uma escola não é exatamente o mais importante, porque isso também é possível no Brasil. Aqui vim buscar algo, que sentia falta, ou seja, a prática do inglês através da imersão. 

Assim criei várias oportunidades para estudar. Em casa utilizo o livro Essential Grammar in Use - Raymond Murphy, além de alguns aplicativos no celular e sites na internet para gramática e pronúncia. As conversas com meu marido ajudam muito. Nós definimos dias na semana em que não falamos em português. A exceção são intercorrências com minha filha. Tirando isso, just in english. Ele já está com um inglês avançado e acaba compartilhando o que sabe.   

Durante dois meses fiz aulas particulares com uma professora irlandesa. Foi interessante e desafiador. Com certeza, ela contribuiu com o meu aprendizado, porém não me adaptei à sua didática.
Mas não há nada igual como aprender com pessoas de outras nacionalidades em jantares, viagens e qualquer outro momento que oportunize um bate papo. É difícil fazer amizade com irlandeses, embora bastante educados são na sua maioria, muito reservados com relação a  estrangeiros. Então tenho aprendido muito com poloneses, ucranianos, vietnamitas, romenos, mexicanos, espanhóis, chineses ... que vêem pra cá com o mesmo objetivo, e por isso muito mais pacientes para se comunicar com alguém com o inglês num nível mais básico. 

Fiz uma viajem pra Croácia com amigos poloneses e mexicanos e, como a única língua conhecida de todos era o inglês o jeito era tentar. Alugamos casa, carro e fizemos todos os passeios juntos. Foi uma aula de inglês full time por uma semana, além de uma experiência incrível de conviver com diferenças culturais.   

Minha experiência em escola “formal” foi num curso comunitário que atende estrangeiros. Na primeira aula não entendi nenhuma palavra do que a professora disse. Mas hoje, com um listening melhor, entendo bem o que ela fala. Recentemente e concomitante a estas aulas estou fazendo um curso previsto para durar um mês no primeiro nível. Neste grupo tem  pessoas de nível básico e intermediário o que é ótimo para aprender, compartilhar e praticar. 

A questão tempo depende de pessoa para pessoa. Cada um busca um formato de estudo dentro do seu cenário e isso traz sempre aprendizado, mas em ritmos diferentes. Mesmo fazendo esta grande mudança que é vir para outro país, é importante cuidar para não retomar antigas crenças limitantes buscando novas zonas de conforto para não avançar no aprendizado.  

Nos cursos tenho conhecido pessoas de diferentes nacionalidades e tem me chamado a atenção o tempo em que vivem na cidade mantendo um inglês extremamente básico. Algumas já próximas de completar 10 anos. Isso é fácil de acontecer, porque relacionam-se somente com pessoas do seu país de origem. Aqui mesmos, moram muitos brasileiros. Por um lado, e principalmente num primeiro momento, é ótimo para não nos sentirmos sozinho. Mas facilmente nos acomodamos e passamos a viver numa pequena comunidade utilizando a maior parte do tempo sua língua nativa. 


Passado um ano dessa experiência sinto que foi uma boa escolha ter vindo aprender inglês no formato de imersão numa cidade do interior da Irlanda, mas está em tempo de fazer coisas diferentes. O próximo passo: mudar de cidade. Em breve estaremos nos mudando para Dublin. Apesar de todo o planejamento não tenho a certeza de que esta mudança vai de fato oportunizar mais aprendizado na língua, mas trará, no mínimo, oportunidades diferentes. Então já vale o desafio

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